Uma das análises que fizemos em relação ao tema foi uma comparação entre o discurso feito por Bush após o 11 de Setembro e o discurso de Obama após a sua vitória nas eleições.
George W. Bush
Ao longo do seu discurso, o presidente americano da época, fala à América de uma resposta aos ataques terroristas e de fé e religião.
“As imagens (…) deixaram-nos estupefactos, cheios de enorme tristeza, mas também de uma ira silenciosa, mas firme.” É assim que este inicia o se discurso e de forma encorajadora refere também, “A América foi alvo destes ataques porque nós somos o mais brilhante farol de liberdade e oportunidade; e ninguém conseguirá impedir que este farol continue a brilhar.”. E é nu profundo sentimento de revolta que diz, “dei ordem de activação dos nossos planos de resposta (…) Temos um exército poderoso, e um exército preparado. (…) Já foi iniciada a investigação par identificar os mandantes destes actos (…). Não faremos distinção entre terroristas (…) e aqueles que os protegem.”. Bastante confiante da força que tem, a potência mundial que governava na época, afirma “A América já derrotou outros inimigos, e o mesmo fará desta vez.”. Falando de forma revoltada e confiante, ao seu país e ao seu povo, defendendo uma resposta a estes ataques terroristas, termina o seu discurso com uma frase um pouco contraditória à sua posição tomada até então. Que ao invés de apelar à “guerra” apela à paz entre os seres, e apoiando-se na religião diz rezar pelo seu povo e refere uma frase do salmo 23, “Mesmo que atravesse vales sombrios, nenhum mal temerei, porque Vós estais comigo.”. No entanto, apesar desta visão religiosa, Bush mantém a sua posição a favor desta guerra com o Médio Oriente, facto comprovado pelo primeiro-ministro israelita, como podemos ver na edição do dia 4 de Janeiro do JN. “Fui encorajado pela posição do presidente norte-americano, George Bush, que me disse que não só devíamos garantir que o Hamas põe fim ao lançamento de foguetes mas também não terá a possibilidade de recomeçar, no futuro.”. Para além de tudo isso, na mesma edição, podemos também ver publicado que “O Conselho de Segurança da ONU (…) elaborou uma declaração (…) que visava apelar por igual a Israel e ao Hamas para pararem as operações militares. Esta declaração acabou por ser impedida pelos EUA.”.
Barack Obama
No discurso feito após a sua vitória nas eleições, Obama tem um discurso simples e directo para todos os escalões sociais, um discurso que apela à paz e à união dos cidadãos, mas acima de tudo à igualdade entre as pessoas. Obama refere, então, no seu discurso “nunca esquecerei a quem pertence verdadeiramente esta vitória. Ela pertence-vos a vós.”. De forma bastante consciente este admite também saber que, apesar das comemorações, grandes desafios, talvez os maiores das suas vidas, aguardam por todos os cidadãos Americanos, como as duas guerras, por exemplo. E num tom solidário relembra “Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos corajosos a acordarem nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para arriscarem as suas vidas por nós.”. Falando sempre de igual para igual, Obama encara este desafio, de melhorar a América, como um desafio do país e não seu, “Este é o nosso momento”, refere. E mantendo-se sempre num pé de igualdade promete, “serei sempre honesto convosco sobre os desafios que enfrentaremos. Ouvir-vos-ei, especialmente quando discordarmos.”. Porém apesar da sua maneira de ser simples e dos seus discursos directos para o povo, num tom de quem não se sente mais do que os seus apoiantes, Obama também tem quem seja contra os seus ideais. Veja-se, por exemplo, o grande literário português, José Saramago, que recrimina o facto de Obama querer manter uma “relação especial” com Israel, dizendo que “Se a Barack Obama não lhe repugna tomar o seu chá com verdugos e criminosos de guerra, bom proveito lhe faça, mas não conte com a aprovação da gente honesta.”. No entanto, José Saramago, vai mais longe e não se importa de poder ferir susceptibilidades, como podemos ver no seguinte excerto, onde se dirige a Obama com uma certa ironia: “Ao longo da campanha eleitoral Barack Obama, (…), soube dar de si mesmo a imagem de um pai estremoso. Isso me leva a sugerir-lhe que conte esta noite uma história às suas filhas antes de adormecerem, a história de um barco que transportava quatro toneladas de medicamentos para acudir à terrível situação sanitária da população de Gaza e que esse barco, Dignidade era o seu nome, foi destruído por um ataque de forças navais israelitas sob o pretexto de que não tinha autorização para atracar nas suas costas (julgava eu, afinal ignorante, que as costas de Gaza eram palestinas…) E não se surpreenda se uma das suas filhas, ou as duas em coro, lhe disserem: «Não te canses, papá, já sabemos o que é uma relação especial, chama-se cumplicidade no crime.»”.
Ao analisarmos estes dois excertos políticos, que em pouco são idênticos, podemos ver formas de discursas bastante diferentes. E mesmo não agradando a “gregos e a troianos”,
Até que ponto podemos dizer que estes discursos são 100% sinceros e não um mero jogo de palavras construído para “manipular” os cidadãos?
Pode tudo isto ter sido pensado com base na psicologia humana com o intuito de sensibilizar os cidadãos, de uma forma ou de outra, e assim conseguir mais apoios e apoiantes.
domingo, 7 de junho de 2009
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