quinta-feira, 26 de março de 2009

"NÃO CONFIAR EM NINGUÉM. DESCONFIAR DE TODOS." - Dualidades (Heroí/Vilão) - O Anti-heroí -


É uma das mensagens que podemos constatar durante todo o filme. Desde a primeira até à última cena, somos invadidos por um clima de desconfiança que caracteriza as personagens principais.
Sobreposta à desconfiança,a ansiedade, a dúvida de quem será apanhado primeiro, quem terá razão e se de facto a terá. Será que existem justificações para tais actos?
A morte de inocentes para desmascarar os líderes das organizações terroristas é um dos temas recorrentes neste filme. Será que os meios justificam os fins?

O clima que o filme apresenta é de insegurança e enfatiza isso com alguns atentados terroristas na Europa. É um cenário pós 11 de Setembro aliado ao combate a um terrorismo sem faces.

Ed Hoffman (Crowe) nem sempre segue as regras da ética e do bom relacionamento. O que realmente interessa a este agente da CIA são os resultados finais.Pouco importa como se chega aos objectivos.
Por sua vez, Roger Ferris(Dicaprio), agente infiltrado, encoberto e eficiente que domina a língua e costumes árabes, tenta coexistir com uma moralidade própria condizente com os valores do seu país. Forjar relacionamentos no Médio Oriente mas respeitando-os. Conta com a ajuda do Chefe dos Serviços Secretos da Jordânia.

Existe uma dualidade muito acentuada na forma como as situações são analisadas porque a verdade é que, muitas das vezes precisamos que haja o Bom e o Mau, o Heroí e o Vilão.

O mais irónico é quando o agente Roger Ferris (Dicaprio) é capturado pelos terroristas e posteriormente torturado. Quem vem no seu auxílio é o Chefe dos Serviços Secretos da Jordânia e não Ed Hoffman.

Esta personagem, Hanni Salaam (Mark Strong)pede a Roger Ferris para nunca lhe mentir e acrescenta:

"As operações verdadeiras dos serviços secretos ficam secretas para sempre.Vocês,americanos, não conseguem entender isso. São incapazes de guardar segredos,por serem uma democracia.Mas nós não temos esse problema. No que toca à glória,ahlan wa sahlan,é toda vossa."

Hanni Salaam ajuda, de certa forma, a desmistificar um pouco a imagem que se criou de que "os bons" tem de estar sempre do mesmo lado em ruptura com outro tipo de culturas consideradas menores. Estão presentes algumas características do anti-heroí que,neste caso, não só salva o agente americano como consegue apanhar o cabecilha principal da rede terrorista que operava a partir da Jordânia.

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